domingo, 26 de novembro de 2017

Sobre Medellin

Cachoeiro recebeu a visita do jornalista Jorge Melguizo. Colombiano que atuou no serviço social, cultural e prefeitura da cidade de Medellin. Cidade que por longo tempo foi sitiada pela violência. Uma mazela social que se espalha por todos os países latinos. Dois países se destacam por sua recuperação social: Colômbia e Peru. Países que sofreram com grupos guerrilheiros: Colômbia (Farc) e Peru (Sandero Luminoso). O Brasil, com toda sua diversidade cultural, desigualdade na distribuição de renda e riqueza – das piores do mundo e pela sua dimensão continental, torna-se referência de avanços, atrasos, retrocessos e desorganização no campo social. O jornalista colombiano descreveu experiência exitosa, com a diminuição de violência em sua cidade. Conheci Bogotá e Lima, as capitais dos países que anos atrás, viviam tal qual o Rio de Janeiro atual. Comparando os avanços sociais nas cidades peruanas e colombianas é de se espantar a incompetência política e gestora dos governantes no Brasil. Bogotá e Lima, mesmo sem os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo de Futebol, destacam-se como atrações turísticas na América do Sul. A referência tornou-se evidente no momento em que diminuíram a violência. Nessas capitais, durante o dia e a noite, caminhei por ruas e bairros de atração para o lazer de população local e turista. Visitei centro histórico com segurança. Algo impensável no Brasil. É verdade que possuímos ruas e shoppings seguros, algo raro como a Rua Oscar Freire, em São Paulo.
Visitei Bogotá, cheguei à Cartagena, não fui a Medellin. Embora próximo, não me animei. Perdi uma oportunidade. Algo do preconceito da ocasião. Resquício dos anos da violência. Descobri depois. Mas, Cartagena tem sua culpa. É tão bonita que não me atrevi a deixá-la. Culpa, também, do Gabriel Garcia Marquez, as descrições de realidades e fantasias que vemos em livros parecem impregnadas pelas ruas da cidade. O por do sol e as cores variadas de ruas e casas completam o encantamento. O mesmo encantamento nas diversas cidades peruanas. Apesar das belezas variadas dos dois países, estão longe da infraestrutura encontradas na Argentina, Chile e Brasil - apresentam deficiências no transporte público urbano, telefonia... A pergunta que devemos fazer, com a diversidade cultural e social que encontramos no Brasil, necessitamos buscar novas experiências? Conhecimento e vivências nunca são demais. Porém, o que precisamos, no Brasil, é perguntarmos: Por que não fazemos o óbvio? Se sabemos o que fazer, não fazemos por quê? E se fazemos, não damos continuidade por quê? A pacificação das favelas cariocas é um bom exemplo. Algo bem sucedido em seu início. O desastre atual era uma crônica anunciada e prevista.
O que assistimos, nos países latinos, são experiências sociais bem sucedidas e alternantes, fica sempre a insegurança. Como se tivessem um prazo de validade. Permanece uma grande instabilidade econômica e social que não garante o crescimento humano desejado. Fruto das desigualdades na distribuição de renda e riqueza. E, principalmente, o baixo índice educacional. Nasci e cresci no morro. Grande parte dos meus amigos de infância e adolescência se perdeu no meio da violência. Tive a oportunidade do estudo. Mudei socialmente. Educação: a única forma para mudar a sociedade.




Sergio Damião Santana Moraes

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