Cachoeiro
recebeu a visita do jornalista Jorge Melguizo. Colombiano que atuou no serviço
social, cultural e prefeitura da cidade de Medellin. Cidade que por longo tempo
foi sitiada pela violência. Uma mazela social que se espalha por todos os países
latinos. Dois países se destacam por sua recuperação social: Colômbia e Peru.
Países que sofreram com grupos guerrilheiros: Colômbia (Farc) e Peru (Sandero
Luminoso). O Brasil, com toda sua diversidade cultural, desigualdade na
distribuição de renda e riqueza – das piores do mundo e pela sua dimensão
continental, torna-se referência de avanços, atrasos, retrocessos e
desorganização no campo social. O jornalista colombiano descreveu experiência
exitosa, com a diminuição de violência em sua cidade. Conheci Bogotá e Lima, as
capitais dos países que anos atrás, viviam tal qual o Rio de Janeiro atual.
Comparando os avanços sociais nas cidades peruanas e colombianas é de se
espantar a incompetência política e gestora dos governantes no Brasil. Bogotá e
Lima, mesmo sem os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo de Futebol, destacam-se
como atrações turísticas na América do Sul. A referência tornou-se evidente no
momento em que diminuíram a violência. Nessas capitais, durante o dia e a
noite, caminhei por ruas e bairros de atração para o lazer de população local e
turista. Visitei centro histórico com segurança. Algo impensável no Brasil. É
verdade que possuímos ruas e shoppings seguros, algo raro como a Rua Oscar
Freire, em São Paulo.
Visitei
Bogotá, cheguei à Cartagena, não fui a Medellin. Embora próximo, não me animei.
Perdi uma oportunidade. Algo do preconceito da ocasião. Resquício dos anos da
violência. Descobri depois. Mas, Cartagena tem sua culpa. É tão bonita que não
me atrevi a deixá-la. Culpa, também, do Gabriel Garcia Marquez, as descrições
de realidades e fantasias que vemos em livros parecem impregnadas pelas ruas da
cidade. O por do sol e as cores variadas de ruas e casas completam o
encantamento. O mesmo encantamento nas diversas cidades peruanas. Apesar das
belezas variadas dos dois países, estão longe da infraestrutura encontradas na
Argentina, Chile e Brasil - apresentam deficiências no transporte público
urbano, telefonia... A pergunta que devemos fazer, com a diversidade cultural e
social que encontramos no Brasil, necessitamos buscar novas experiências?
Conhecimento e vivências nunca são demais. Porém, o que precisamos, no Brasil,
é perguntarmos: Por que não fazemos o óbvio? Se sabemos o que fazer, não
fazemos por quê? E se fazemos, não damos continuidade por quê? A pacificação
das favelas cariocas é um bom exemplo. Algo bem sucedido em seu início. O
desastre atual era uma crônica anunciada e prevista.
O que
assistimos, nos países latinos, são experiências sociais bem sucedidas e
alternantes, fica sempre a insegurança. Como se tivessem um prazo de validade.
Permanece uma grande instabilidade econômica e social que não garante o
crescimento humano desejado. Fruto das desigualdades na distribuição de renda e
riqueza. E, principalmente, o baixo índice educacional. Nasci e cresci no
morro. Grande parte dos meus amigos de infância e adolescência se perdeu no
meio da violência. Tive a oportunidade do estudo. Mudei socialmente. Educação:
a única forma para mudar a sociedade.
Sergio Damião Santana
Moraes
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