No dia das
mães, dei de presente para Fabiola, minha esposa, mãe dos meus filhos, Helomar
e Vitor, uma planta. A escolha foi feita em floricultura de Vila Velha,
localizada sob a terceira ponte, em uma parte bonita das duas cidades, tendo
como destaque a baía de Vitória e o Convento da Penha no morro Canela Verde. A
floricultura é ampla, com muitas plantas e flores, com perfumes e cores
variadas. Pena que, logo adiante, encontra-se toda mazela social dos nossos
dias. Algo presente sob as pontes de cidades pelo mundo afora. Apesar do
impacto com a deteriorização social, a floreira, as flores e as plantas, o
perfume e as cores, me levaram a outro mundo, um mundo de fantasia, da beleza natural.
A floreira me persuadia, eu balançava entre uma ou outra. Procurava a planta
ainda sem a flor, buscava a que pudesse viver por mais de três anos. Porém, entre
o tempo de vida e a beleza, me decidi pela exuberância rústica da “flor do
deserto”, algo estranho, pois apesar da aparência do vaso em que se encontrava
e da organização da areia e pedregulhos, da haste de 30 a 40 cm e sua cor
vibrante, suas extremidades não apresentavam receptáculos e, assim, nada
indicava o aparecimento de órgãos florais. Resolvi confiar, pois a floreira
garantiu, a flor aparecerá, basta muito sol. A flor, ainda que solitária,
nascerá. Bom... Pensei. Em Cachoeiro, na sacada do apartamento, sol pela manhã
e por todo o dia, não faltará. Ela disse mais: o consumo de água é pequeno,
basta regá-la uma vez por semana. Foi o bastante para a decisão final, vou
levá-la. Em Cachoeiro, a flor do deserto desabrochará.
Passaram-se
alguns dias, quase mês, a floração ainda não aconteceu. Pela manhã, bem cedo,
procuro a sacada do apartamento e a planta. Apesar da beleza diferente, a flor
que tanto espero ainda não se mostrou. Mesmo sem a floração, contribui para o
embelezamento do apartamento. Bem mais que a pimenteira. Esta, nem beleza e nem
o fruto de sua haste se apresentam. Vitor, meu filho mais novo, em sua
mocidade, não aparenta ansiedade, vai regando as duas plantas, confiante na
pimenteira e no nascimento da flor. Eu, com angústia à flor da pele, lembro-me
da floreira, penso em cobrar garantias. O tempo para a floração está se esgotando.
Pensei, para uma próxima vez, adquirir uma orquídea ou uma rosa, de
preferência, uma flor enorme que produza grande quantidade de néctar e que
alimente insetos e passarinhos, ou que produza polens e que seja levado pelo
vento e torne-se um agente polinizador. No dia seguinte, voltei à flor do
deserto, ela resiste ao sol forte de Cachoeiro, parece exercitar a paciência,
pensei melhor, resolvi esperar. Com as virtudes que apresenta, certamente virá
uma bela flor, semelhante a uma tulipa, a beleza da vida virá com o tempo. É o
que espero.
Sergio Damião Santana
Moraes