quarta-feira, 5 de abril de 2017

“Médicas do Sul Capixaba”

O mês de março, em todo o mundo, é dedicado às mulheres. Algo justo. Espero que, com o passar dos anos, desnecessário. A necessidade da efeméride mostra o quanto estamos longe da igualdade de gêneros – algo natural, como a natureza em nossa volta. Porém, nós homens, precisamos evoluir e a sociedade se civilizar. Por enquanto, vamos festejando, ano após ano... Enviando flores, oferecendo abraços, felicitações... E, na calada da noite, ou em plena luz do dia, sem nenhuma justificativa, a violência contra a mulher se faz. Uma hipocrisia – homenagem do vício à virtude, da sociedade. Mas existe luz no fim do túnel. Apesar da percepção negativa da qualidade de gestão da saúde no Brasil, em pesquisa do Instituto Datafolha, em fim de 2016, os médicos são apontados como a categoria que detém o maior índice de credibilidade e confiança no país. Logo depois, bem junto, os professores. Duas categorias profissionais em que as mulheres se destacam cada vez mais. Na Unimed Sul Capixaba as mulheres já representam mais de 30% dos cooperados; já se apresentam em número crescente na Diretoria Executiva, Conselho Técnico e Conselho Fiscal. Isto é, as mulheres gradativamente assumem seu papel de destaque na Gestão da Cooperativa Médica. Algo que faz a diferença no dia a dia cooperativista. Além da perícia, diligência, prudência e humildade, associa-se a compaixão. O Núcleo Feminino Cooperativista com médicas cooperadas e esposas de médicos cooperados se faz presente no trabalho social e assistencial da Cooperativa. Destacando a campanha pela visão das crianças do ensino fundamental de Cachoeiro de Itapemirim.
É verdade que o Relatório do BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento nos entristece. O Banco Mundial solicita melhoras nas Leis de proteção à mulher brasileira contra a violência. Em seus estudos o Banco constata: O Brasil ocupa a quarta posição em número de casamento infantil no mundo. Na América Latina somos o primeiro. Isto significa mais de 30% da população feminina, em nosso país, se casa antes dos 18 anos. Na África e na Ásia elas são forçadas; no Brasil é uma aparente escolha. Com os dados do BIRD, a colunista do Jornal O Globo, Ana Paula Lisboa, conclui: “Mulheres que apanham não podem desenvolver um país; mulheres que precisam sair da escola cedo não podem desenvolver um país; mulheres que são humilhadas não podem desenvolver um país; mulheres que engravidam cedo e não tem com quem deixar seus filhos não podem desenvolver um país; mulheres...”. Qual a diferença das nossas mulheres médicas do sul capixaba com as mulheres citadas pelo Banco Internacional? Anos escolares: a educação. As nossas médicas estão livres da violência masculina? Ainda não. Mas as nossas mulheres estão no caminho. Assumindo, gradativamente, um papel decisivo em nossa sociedade. Nós homens devemos contribuir. Livrarmos de nossas vaidades. Assumir a humildade de reconhecermos que uma sociedade justa e igual só será construída sem as diferenças de gênero. Enquanto isso: penso como Fernando Pessoa, nosso poeta português: “Tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois, não sendo mais nem querendo ser mais que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espetáculo que posso.”

  

Sergio Damião Santana Moraes

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