quarta-feira, 5 de abril de 2017

Cachoeiro: 150 anos

Em 25 de março de 2017: 150 anos de Emancipação Política. Bernardo Horta de Araújo, resgatado na história de Cachoeiro de Itapemirim, por Higner Mansur, representa nosso maior valor em cidadania. A Academia Cachoeirense de Letras (ACL) marcou presença na efeméride, no Teatro Municipal, com leituras de textos dos nossos melhores escritores. As presenças de David Lóss, presidente atual, do presidente eleito para a próxima gestão, Roney Moraes, mais a Secretária de Cultura – acadêmica Fernanda Martins, na Sessão Solene da ACL, é a certeza de dias melhores para nossa Academia e a cultura do município. Escolhi dois poetas (Newton Braga e Benjamin Silva) e um cronista (Rubem Braga) para representarem nossos escritores nesses 150 anos.
De Rubem, separei: “Chego à janela de minha casa e vejo que umas coisas mudaram. Estou cercado de lembranças... É extraordinário que esteja aqui, nesta casa, nesta janela, e ao mesmo tempo é completamente natural e parece que toda minha vida fora daqui foi apenas uma excursão confusa e longa: moro aqui. Na verdade onde posso morar senão em minha casa? [...] Bem, tenho que sair. Mas no momento em que vou deixar a janela, vejo um homem que passa para baixo; é um velho com seu andar lento. É Chico Sapo. Lá vai ele, no seu lento andar de sempre, mais velho e útil que o pé de fruta pão, de idade talvez das águas do rio, e tão antigo, e tão laborioso e tão Cachoeiro de Itapemirim como as águas do rio...” Sobre o poeta Benjamin Silva, escreveu Atílio Vivacqua: O lirismo de Benjamin é, no fundo, uma comovida atitude ante as coisas e a gente da terra. Aquela imanência poética dos materiais de que se serve transfunde-se pura e integral em seus versos. O poeta utiliza-se da matéria prima tal qual a colhe em seu estado nativo, não para transformá-la num artefato, mas para revelar-lhe os princípios e as propriedades naturais. Escreve o “Frade e a Freira” não como um curioso acidente geográfico, ele revela a realidade poética nas duas pedras: “Diz a lenda – uma lenda que espalharam - / Que aqui, dentre os antigos habitantes./ Houve um frade e uma freira que se amaram.../ Mas que Deus os perdoou lá do infinito/ e eternizou o amor dos dois amantes/ Nessas duas montanhas de granito.” De Newton, escolhi seu melhor lirismo: “Bem sabes que, se um dia, na estrada da vida,/ o destino me destacasse entre os humanos,/ como um leito sobrenatural,/ e colocasse ao alcance de minhas mãos vazias/ a flor raríssima e sonhada/ que os homens chamam de felicidade,/ eu a colheria, carinhosamente,/ e iria depositá-la a teus pés, como oferenda do meu pobre amor./ [...] No entanto, eu te desejo um mal, eu te desejo um sofrimento enorme, sem remédio:/ - perdoa: que tu sentisses, de mim,/ a saudade que sinto de ti.” Em uma de minhas crônicas, escrevo: Acho que a lua, quando cheia, bem cheia, quase transbordando de algo desconhecido, fica mais bonita em Cachoeiro de Itapemirim. Acho que a poesia e a crônica bem representam o amor por nossa cidade.


Sergio Damião Sant’Anna Moraes

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