sexta-feira, 8 de julho de 2016

Istambul

       
 Alguns anos atrás visitei a Turquia e escrevi: Inicialmente Bizâncio, capital dos Romanos no oriente. Com o cristianismo e, o Imperador Constantino, torna-se Constantinopla até 1453. Neste ano, inicia-se a era Otomana e seu nome definitivo: Istambul. Atualmente a capital cultural da Turquia e cidade Museu da Humanidade - assim como Roma, Londres e Paris. Única cidade do mundo situada entre dois continentes (Europeu e Asiático), uma cidade de tolerâncias religiosas (Cristã, Judia e Muçulmana). Em 1923, o sultonato Otomano desaparece e nasce a república Turca, um país parlamentarista e laico. A capital administrativa e política é Ankara, uma região da Anatólia Central. A criação da república e a transferência da capital turca se devem as ações de Mustafa Kemal Ataturk (pai dos turcos), falecido em 1938 e venerado por homens e mulheres turcas. A Turquia localiza-se em região estratégica do mundo. Marcas de sua ocupação pelos humanos datam da pré-história, de períodos longínquos, antes do Neolítico (10.000 anos A.C.) Berço de civilizações mais recentes, rota de comércios (idas e vindas de oriente para ocidente), local de ocupações de grandes Impérios (persa, grego, romano, bizantino e otomano), marcas da presença dos primeiros cristãos encontra-se na Anatólia - em moradias vulcânicas na Capadócia, moradia e local da morte da virgem Maria e caminhos da evangelização de São Paulo. Na Capadócia a natureza e suas erosões em território vulcânico são observadas em passeios de balões onde se pode observar uma região comovente. Em Pamukalle, uma bela estação termal, confirma a supremacia da civilização romana. Pelas ruas ouvimos cinco vezes ao dia os lamentos do alto das mesquitas convidando os fiéis para as orações. Algo, místico e diferente, próprio de sua cultura milenar.
                A República Turca surpreende. Surpreende pelos direitos das mulheres em um país mulçumano. Apesar de vermos riscos de retrocessos políticos em cada ponto de Istambul, de conflitos em suas fronteiras com Iran, Iraque e Síria, falta de moradia para grande parte da população, bem como o deficiente serviço público em saúde, na Turquia assistimos uma disposição milenar para negociações, suas adaptações aos vários povos, o pôr do sol deslumbrante no Mar Egeu que nos parece um caminho irreversível para a evolução humana e social. O vermelho de sua bandeira, lembrando o sangue derramado de seus homens em campos de batalha, a lua em quarto crescente com a estrela solitária do seu céu é a esperança de vitória da república laica turca. Fico triste em saber que tudo que vi e escrevi está se desfazendo pela onda de intolerância e medo.

Um comentário:

  1. Show essa aula que assisti e me deu a sensação de observar cada lugar descrito com tamanha previsão. Parabéns pela brilhante aula e que mente sensível. Uau!

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