segunda-feira, 17 de julho de 2017

Avenida Pellegrino

A mais elegante de São Paulo. Parte dela, seus últimos dois quilômetros, da Vila Olímpia até o Parque do Ibirapuera, mais ainda. Arborizada. Edifícios, maioria moradia, de arquitetura instigante. Um contraste com a Avenida Santo Amaro que a cruza em seu início. De contraste em contraste as cidades crescem. A partir do momento que mudamos dos campos, e criamos as cidades, fomos aprendendo a viver em comunidades. Algo incipiente, mas em evolução. Alcançamos a perfeição biológica, ainda evoluímos no social e ambiental. Existem dúvidas se teremos tempo para as evoluções necessárias. Caminhar ou pedalar pela Pellegrino é um alento. Comparada à Avenida Paulista (coração financeiro paulista), a Pellegrino nos conforta.  Suas árvores, suas subidas e descidas, diz que sim, teremos tempo para amadurecer. Aos domingos, parte da avenida é ocupada por faixas de ciclovias. Homens e mulheres, adultos e crianças, com bicicletas de diversos tipos e roupas de diferentes cores alegram e animam os que optaram pelo caminhar. São Paulo, no outono, de temperatura amena, oferece o Parque Ibirapuera. Pela Pellegrino, antes do parque, encontra-se o bairro Moema e suas ruas com nomes de índios e pássaros brasileiros, lembra a diversidade do Brasil tropical, uma prova de bom local para se viver, apesar do imenso concreto das cidades. O paulistano se realiza no Ibirapuera. Dentro do parque caminha-se em torno do lago. Observar os prédios que se sobressaem acima das árvores é a mesma sensação dos parques do centro de Nova York. Uma visão da imaginação. Algo existente e produzido pelas cidades.
            Retornar pela Pellegrino, descer por suas ladeiras, observar melhor suas árvores e prédios, libera boas sensações. Mesmo com milhões de habitantes, a cidade é o nosso melhor habitat. Não temos saída, mais de 80% da população vive e viverá em uma cidade. Um imenso condomínio, regras civilizatórias devem ser ampliadas e executadas. Aprender desde a infância. Usar a imaginação nas regras e em sua divulgação. Em vez de grandes letreiros, de grandes placas, pequenos sinalizadores. Surpreende-me o sinal de identificação do metrô paulistano. Pequeno. Discreto. Um sinal quase humano. Porém, podemos viver com milhões de pessoas. Podemos nos encontrar em qualquer ponto do planeta. Mas, gradativamente, voltamos ao nosso bairro, nossa rua, residência, quarto e computador. Sozinhos, dentro de nós mesmos. Voltamos ao nosso espaço: micro espaço. Aos conflitos internos. Nossas angústias, medos, egoísmo e agressividades. Conviver, seja em uma pequena ou grande cidade, dependerá desses acertos. A beleza de uma cidade sempre será encontrada. Em uma grande Avenida ou pequena rua. No fim, a cidade é o melhor local para se viver e morrer.

Sergio Damião Santana Moraes

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