sexta-feira, 10 de março de 2017

Luar de Cachoeiro

Acho que a lua, quando cheia, bem cheia, quase transbordando de algo desconhecido, fica mais bonita em Cachoeiro de Itapemirim. É verdade que os dias ensolarados, a falta de chuva dos últimos meses, o desaparecimento das nuvens do nosso céu, têm proporcionado espetáculos dos nossos astros. Principalmente o sol, do nascer até seu poente. Com o colorido das águas do mar, apesar da friagem do mar capixaba, ainda assim, o mar e as praias do sul capixaba, junto com a lua de Cachoeiro, se destacaram neste verão inusitado. Um clima diferente que parece se perpetuar. A lua cheia, quando em Cachoeiro, fica mais próxima da terra, procura se juntar ao rio Itapemirim e acomoda-se, desde cedo, como uma bola branca, no céu cachoeirense, se assemelha a uma velha nuvem. Mais tarde, ao anoitecer,  uma luz forte ilumina toda cidade. No fim de semana observei sua luminosidade, caminhava pela beira do Itapemirim em direção à Ponte de Ferro. A lua encontrava-se próxima ao Pico do Itabira, nossa pedra mágica, o luar se assemelhava ao efeito do arco-íris nas bordas do Itabira, com a lua não encontraremos um “pote de ouro”, encontramos a esperança. Quando deparo com a lua sobre a ponte cachoeirense fico diferente, como se o mistério da vida se anunciasse. Embora pequena, comparada aos astros restantes, ela se destaca no céu estelar e parece dizer: aqui fica a porta de toda transcendência, a porta do universo. Das coisas da eternidade.
Fico procurando na memória a forma da lua da minha infância. Não consigo lembrar. Não recupero as imagens. Acho que é o efeito da lua cachoeirense em minha retina, ela surpreende, faz a imaginação fluir e crescer no momento em que a vemos. A luminosidade do presente viaja em direção ao futuro, busca as melhores coisas e nos faz esquecer o passado. Por isso a força da lua no despertar dos enlouquecidos, despertar de paixões, de amores possíveis e impossíveis, dos... O luar empurra a pessoa em direção ao seu desejo, algo ensandecido, uma emoção pura, sem sinais da razão. Bem próximo do mais puro e inocente sentimento humano. A lua, com o passar dos meses, vai se formando no céu, mudando forma, influenciando mares, plantas, árvores, pássaros e a humanidade; muda até atingir a forma plena, cheia e imensa, do tamanho do coração e desejo de homens e mulheres. No céu de Cachoeiro, ela atinge a plenitude da beleza e criatividade.  


Sergio Damião Sant’Anna Moraes

Nenhum comentário:

Postar um comentário