terça-feira, 7 de junho de 2016

Flor do deserto

No dia das mães, dei de presente para Fabiola, minha esposa, mãe dos meus filhos, Helomar e Vitor, uma planta. A escolha foi feita em floricultura de Vila Velha, localizada sob a terceira ponte, em uma parte bonita das duas cidades, tendo como destaque a baía de Vitória e o Convento da Penha no morro Canela Verde. A floricultura é ampla, com muitas plantas e flores, com perfumes e cores variadas. Pena que, logo adiante, encontra-se toda mazela social dos nossos dias. Algo presente sob as pontes de cidades pelo mundo afora. Apesar do impacto com a deteriorização social, a floreira, as flores e as plantas, o perfume e as cores, me levaram a outro mundo, um mundo de fantasia, da beleza natural. A floreira me persuadia, eu balançava entre uma ou outra. Procurava a planta ainda sem a flor, buscava a que pudesse viver por mais de três anos. Porém, entre o tempo de vida e a beleza, me decidi pela exuberância rústica da “flor do deserto”, algo estranho, pois apesar da aparência do vaso em que se encontrava e da organização da areia e pedregulhos, da haste de 30 a 40 cm e sua cor vibrante, suas extremidades não apresentavam receptáculos e, assim, nada indicava o aparecimento de órgãos florais. Resolvi confiar, pois a floreira garantiu, a flor aparecerá, basta muito sol. A flor, ainda que solitária, nascerá. Bom... Pensei. Em Cachoeiro, na sacada do apartamento, sol pela manhã e por todo o dia, não faltará. Ela disse mais: o consumo de água é pequeno, basta regá-la uma vez por semana. Foi o bastante para a decisão final, vou levá-la. Em Cachoeiro, a flor do deserto desabrochará.
Passaram-se alguns dias, quase mês, a floração ainda não aconteceu. Pela manhã, bem cedo, procuro a sacada do apartamento e a planta. Apesar da beleza diferente, a flor que tanto espero ainda não se mostrou. Mesmo sem a floração, contribui para o embelezamento do apartamento. Bem mais que a pimenteira. Esta, nem beleza e nem o fruto de sua haste se apresentam. Vitor, meu filho mais novo, em sua mocidade, não aparenta ansiedade, vai regando as duas plantas, confiante na pimenteira e no nascimento da flor. Eu, com angústia à flor da pele, lembro-me da floreira, penso em cobrar garantias. O tempo para a floração está se esgotando. Pensei, para uma próxima vez, adquirir uma orquídea ou uma rosa, de preferência, uma flor enorme que produza grande quantidade de néctar e que alimente insetos e passarinhos, ou que produza polens e que seja levado pelo vento e torne-se um agente polinizador. No dia seguinte, voltei à flor do deserto, ela resiste ao sol forte de Cachoeiro, parece exercitar a paciência, pensei melhor, resolvi esperar. Com as virtudes que apresenta, certamente virá uma bela flor, semelhante a uma tulipa, a beleza da vida virá com o tempo. É o que espero.



Sergio Damião Santana Moraes

2 comentários:

  1. Me fez lembrar da flor do pixinãnãn, que de acordo com meu pai nascia no manguezal e era a mais linda de todas.

    ResponderExcluir
  2. Me fez lembrar da flor do pixinãnãn, que de acordo com meu pai nascia no manguezal e era a mais linda de todas.

    ResponderExcluir