“2 x 2 são
quatro.” Não podemos negar e muito menos esquecer. É um fato. Algo objetivo e
esperado. Está escrito na matemática. Um grupo de ciências (aritmética,
geometria, álgebra, trigonometria, cálculos, etc.) que estuda por meio do
raciocínio dedutivo as propriedades dos seres abstratos (números, figuras
geométricas, funções, espaços, etc.) e as relações estabelecidas entre si. Seu
uso nos leva a exatidão rigorosa. Portanto 2 x 2 são quatro. Nem sempre o
desejado. Podemos criar expectativas, ilusão em certos momentos da vida, mas na
realidade o resultado sempre será o quatro. Para ser diferente, só com magia,
em um mundo virtual, um outro mundo. O mundo da fantasia, algo da nossa
imaginação. Quando criança, por diversas vezes, viajei por este mundo, hoje não
é mais possível.
Bem... Você
pode até querer o número diferente do quatro, a ilusão será temporária, bem
pouco tempo, um tempo inexorável, tão certo como a finitude humana. Logo será
cobrado pela operação aritmética equivocada e fantasiosa. Pode argumentar:
deixo um espaço vazio, posso refazer a qualquer tempo a operação. Acrescentar:
na vida temos as coisas subjetivas. Coisas que não explicamos. Aparecem no
tempo. É verdade. Ainda assim, um caminho perigoso. Os números não mentem.
Deixam marcas. Também é verdade que o tempo não tem a precisão matemática. Menos
ainda a exatidão. O tempo faz e refaz. Ele pode somar e multiplicar, diminuir e
dividir em momentos diversos de nossas vidas. Mas ele faz e refaz ao seu bem
querer. Temos que ter paciência. Porém, temos pressa. Quando criança, minha mãe
tomava a tabuada. Enquanto cozinhava, perguntava: 7 x 7. Eu dizia: 49. E, 7 x
8. Eu demorava a responder, engasgava, e ela ajudava: cinquenta... Eu
completava: seis. Enquanto ela mexia a panela de arroz, ou de feijão, mostrava
um sorriso de satisfação e dizia: parabéns pela resposta certa. Quando
perguntava 2 x 2, eu gritava, esta eu sei. Não precisa ajudar. São quatro. Ela
completava: não se esqueça nunca. Para toda a sua vida. Em todos os momentos.
Viva a conta certa e não se arrependerá. Hoje, ela não pode lembrar a tabuada.
Perdeu a memória. Lembro por ela. Em certo sentido, a tabuada, lembrava uma
cantilena. Para alguns colegas era uma lenga-lenga, um nhem – nhem – nhem. Na
cozinha da nossa casa, junto às panelas de arroz e feijão, nunca pensei assim. Tempos
depois, nem sempre o 2 x 2 se apresentava com um resultado claro e evidente.
Resultados diferentes apareceram. Lembrava da tabuada e rapidamente refazia a
operação aritmética. E a vida voltava ao fluxo esperado e desejado. Vivemos
buscando o número diferente, muitas vezes o infinito. As máquinas atuais
permitem isso. Tornaram-se perigosas. Prefiro a tabuada da minha mãe. Simples.
Sem erro. Não mente. É o que é.
Sergio Damião Santana
Moraes
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