Tratamos mal
nossas crianças e mulheres. A sociedade, mesmo com toda evolução tecnológica,
ainda assim, não cuida. As agressões são diárias, e a todo instante, no Brasil
e mundo afora, mais ainda na África e na Ásia. Por isso, considero significante
a escolha da paquistanesa (Malala) e do indiano (Satyarthi) para o Prêmio Nobel
da Paz de anos atrás. Ela ousou ao denunciar o sistema e pedir escola para
todas as meninas do seu país; ele dedicou mais da metade dos seus 60 anos na luta
pela libertação de crianças de trabalho escravo. Em Cachoeiro e em cada município
brasileiro a preocupação deve ser diária, pois as agressões físicas e
psicológicas às nossas mulheres são enormes e a ignorância masculina para com
elas e para com seu próprio corpo é crescente. Medidas simples como exercício
diário, alimentação balanceada e não fumar são negligenciadas. Esperamos sempre
pelo novo remédio. Pelo milagre da cirurgia... No Brasil, na América e nos
países europeus, há vários anos o outubro veste-se de rosa. Uma cor
significativa em beleza. O Câncer de Mama é destacado - sua prevenção e
tratamento precoce em busca da cura. Porém, desejamos muito mais que a procura
do nódulo. As mulheres necessitam da liberdade, da perda de preconceitos, da conquista
da autoestima, da prevenção de outras doenças, a defesa contra violências... A
mulher, neste mês, e em todos os meses, deve se olhar, tocar e sentir o próprio
corpo, valorizar não só a estética, a beleza externa e aparente, mas também a
harmonia do corpo e alma. No novembro azul, a cor forte da prevenção e
detecção, também precoce, do Câncer de Próstata. Uma glândula pequena, própria
do homem, onde armazenamos espermatozóides e partilhamos vidas.
Mas, se
valorizamos o rosa do outubro e o azul do novembro, não podemos esquecer o
restante dos dias do ano. Algo próprio do brasileiro: emoção. Somos emotivos;
esquecemos da solidariedade. Ficamos na superficialidade das coisas. O que nos
falta para despertar enquanto Cidade, Estado, País e mundo civilizado? Acho que
devemos fugir da superficialidade. Aprofundarmo-nos nas causas, nos envolvermos
nos problemas sociais e públicos. Pintamos o corpo de rosa, vestimos azul,
colocamos faixas em sacadas de prédios públicos e privados, iluminamos o Cristo
Redentor e... tapamos os olhos para o restante das mazelas para com as mulheres.
Valorizamos exames radiológicos de última geração para detecção de nódulos em
mamas e esquecemos rapidamente as mulheres mortas em clinicas de abortos
clandestinos; esquecemos que mulheres são espancadas em suas residências. Necessitamos,
sim, do outubro rosa e do novembro azul: homens e mulheres sem diferenças, se
prevenindo de doenças. Não podemos esquecer que nos meses seguintes as mulheres
morrerão por causas que não queremos ver, pensar ou discutir. Precisamos
conversar sobre os outros meses do ano não tão coloridos.
Sergio
Damião Santana Moraes
Nenhum comentário:
Postar um comentário