A apaixonante
vida do francês Honoré de Balzac (1799–1850) levou à criação da Comédia Humana
e sua fama em toda Europa. Apesar de vibrante, foi uma vida de relações conflituosas:
com a mãe e com outros escritores da época como Victor Hugo e Eugéne Sue. Seus
amores e os vários escândalos são mostrados pelo ator Gérard Depardieu em
filmes produzidos pela Versátil e a Beta Film. Um “glutão”, vibrante com as
coisas belas da vida. Um apaixonado pela mulher da meia idade. Após o filme, lembrei
de uma balzaquiana atual.
Encontrei,
no corredor do hospital, uma mulher radiante de alegria. Demonstrava em gestos
e expressões faciais toda sua felicidade. Um momento único, estranho até certo
ponto, pelo lugar em que se encontrava. Encontrava-se em frente à sala de
parto, normalmente um local carregado de dor das parturientes. Pela expressão
assemelhava-se a uma menina em um jogo de amarelinhas, saltitando pelas linhas
imaginárias, em busca da pequena pedra entre os espaços vazios no chão do
quintal de uma casa antiga dos nossos avós.
Era
assim que se apresentava. Assemelhava-se à uma menina adolescente. Mas, não,
não era uma menina, e sim, uma mulher em meia idade. Em sua mão uma folha de
papel. Imaginei um resultado de exame laboratorial, o qual foi confirmado logo
depois. Por estar junto ao serviço de ginecologia e obstetrícia, e pela
felicidade que demonstrava, pensei em um teste de gravidez. Para minha surpresa
era resultado de um exame, mas totalmente contrário ao imaginado, tratava-se de
dosagens hormonais e pelo achado não poderia mais engravidar, encontrava-se
hormonalmente na menopausa, disse. Apesar do climatério, encontrava-se alegre.
O tempo, inimigo da vida humana, estava dominado. Não temia o passar dos anos.
Ele criara um estado interessante, um estágio de amadurecimento. A mulher
encontrava-se livre para a reposição das energias e seguiria sem medos.
Questionei a alegria, pois, não era um fato comum e frequentemente observa-se certo
desânimo em parte das mulheres. Sentia-se diferente, foi o que me disse. Apenas
diferente. Fisicamente bem, procurara preparar-se para aquilo que era
inevitável, sua queda hormonal, e para tanto bastava a reposição. Pela
expressão da mulher que encontrei no corredor, pelo esbanjamento de alegria,
pela confiança, não tive dúvidas, as balzaquianas mudaram, ganharam uma ou duas
décadas e, no futuro, bem mais. Um segredo a se desvendar, o tesouro da vida na
alegria.
A
expressão observada no corredor do hospital pode vir a dominar os homens. No
embate biológico e cronológico os homens já estão perdendo. O que está levando
os homens a perderem para o dito sexo frágil? As mulheres tomam conta das
finanças, dos filhos e da casa. Com o tempo não precisarão dos homens, seremos
descartáveis.
Pela
segurança demonstrada por aquela mulher, mesmo com a baixa hormonal, corri e
procurei fortalecer um músculo que a testosterona lentamente não mais consegue
manter. Talvez seja melhor assim, menos músculos e mais sentimentos. Quem sabe
a reposição do hormônio seja substituída, no futuro, por uma pitada de alegria.
Ou mesmo, seja esta a explicação funcional e biológica do bem estar. Bem como,
a solução para se evitar o envelhecimento celular e o segredo da sua
conservação.