Padre Leo
Pessini e Leonardo Boff ensinam que a essência do cuidar é: Buscar a compaixão
(sentido de se colocar no lugar do outro); contribuir para que ele conquiste a
autonomia; sugerir que transfira a ansiedade e a responsabilidade de sua saúde
aos profissionais que o atendem; cuidar de alguém é buscar seu bem estar.
Devemos lembrar que somos humanos e assim: “Vulneráveis”. Guimarães Rosa, médico
e escritor mineiro, disse: “Viver é perigoso”. Perigo de adoecer, de ser
agredido fisicamente e verbalmente, de fracassar e de morrer. Viver humanamente
significa viver sabiamente na vulnerabilidade (sermos resilientes).
Vulnerabilidade leva o ser humano a adoecer e possibilita a grandeza de cuidar
e a humildade de se deixar cuidar.
A
escritora americana Susan Sontag escreveu: “A enfermidade é o lado obscuro da
vida, uma cidadania mais cara. A todos, ao nascer, outorga-nos uma dupla
cidadania, a do reino dos sãos e a do reino dos enfermos. E ainda que
prefiramos usar o passaporte bom, cedo ou tarde cada um de nós se vê obrigado a
identificar-se, pelo menos por um tempo, como cidadão daquele outro lugar”.
Trata-se de um grande desafio aliar ética, técnica e ciência para cuidar do sofrimento
humano. Quem cuida e se deixa tocar pelo sofrimento humano, torna-se um radar
de alta sensibilidade.
O
professor de Ética da Pensilvânia, James Drane, afirma: “Devido os avanços
tecnológicos da medicina, o conceito de paciente terminal vai se modificando
com o tempo. É bastante difícil fazer uma avaliação precisa e universalizar uma
definição aceitável a respeito desses pacientes, considerando-se que os
indivíduos contam com tantas possibilidades diferentes... Apesar das
dificuldades e de ninguém saber com a absoluta certeza quando outra pessoa está
morrendo, apesar disso, existem critérios para determinar pacientes terminais.
James alerta os médicos que não há necessidade de entender a morte como
“inimiga”. Aprender a diagnosticar com correção a progressão do processo de
morte pode ajudar o paciente a ter uma partida digna”.
O
novo Código de Ética Médica fortalece a humanização do atendimento. No art. 41:
“Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os
cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas
inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do
paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal”. O mesmo
artigo proíbe ao profissional de medicina abreviar a vida do paciente, ainda
que a pedido desse ou do seu representante. Esses cuidados levam em
consideração aspectos físicos, emocionais, familiares, sociais e espirituais. Newton
Braga, nosso melhor poeta, escreveu e está em seu busto no centro de Cachoeiro:
“Esta sensibilidade que é uma antena delicadíssima, captando pedaços de todas
as dores do mundo, e que me fará morrer de dores que não são minhas”. Na
medicina, e como Cuidadores, não precisamos morrer pelas dores que não são
nossas, mas podemos viver e praticar o aforismo hipocrático: “Curar se possível,
aliviar quando necessário e consolar sempre”.
Sergio Damião Santana
Moraes
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