segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Biguás, Lambaris, Garças...

Na beira do rio Itapemirim procuro observar suas margens e o seu leito. Mas, a atenção maior, sempre retorna para o deslizamento das águas. As águas do nosso rio continuam dependentes da ajuda de São Pedro. Acho que o nosso santo padroeiro não anda muito satisfeito com as coisas do Brasil, menos ainda com os residentes em Brasília. Ainda assim, São Pedro não perde a esperança com os cachoeirenses, e envia, de tempos em tempos, uma enxurrada, para a alegria dos pescadores do Itapemirim. Um desses conhecedores do Itapemirim é o torneiro mecânico Dejair Dias Machado. Quando longe da oficina, e da mecânica pesada, procura o rio em sua parte mais serelepe. Ele conhece de perto aquilo que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente sugeriu aos estudantes da cidade. Pediu aos alunos que escolhessem a espécie de animal silvestre símbolo cachoeirense. Sugeriu: Biguá, Macaco Barbado, Sapo de Chifre, Coleiro, Lontra, Robalo, Paca, Chauá, Jaguatirica, Tucano de Bico Preto. Sobre o rio, Dejair me contou: O rio melhorou nos últimos anos, as águas encontram-se mais limpas, de barco desço até próximo à Usina Paineiras, busco a proximidade do mar. Fico bem próximo à foz do rio. Porém, entre o rio e o mar, prefiro o nosso rio. Espontaneamente escolhe a Garça, sem preferência entre a branca ou cinza, uma ave que faz companhia ao pescador. A Garça aguarda, de longe, pacientemente, que seja oferecido o peixe; diferente é o Biguá (Mergulhão), aumentou, em número, com a limpeza do rio, gosta de competir com o pescador na busca do peixe, busca preferencialmente o “Viola”, um peixe que se assemelha a um pequeno “Cascudo”; com tristeza lembra-se da diminuição do Lambari (Piaba); gosta mesmo é do Robalo - um peixe nobre, e ele voltou às nossas águas e bem próximo ao Centro da cidade. Também se apresentam em nosso rio: Tainha, Traíra, Tilápia e Grumatan. “Bicho danado” é o Martim-pescador, mantém distância do rio, e das alturas, com rapidez, mergulha no rio para com o peixe voltar.
O Lambari (Piaba) dos rios brasileiros, do Itapemirim também, na mesa do pescador, anima uma conversa e dá asas à imaginação sobre o tamanho do peixe que por pouco não foi fisgado e outras histórias; o Biguá, a ave aquática “preta” e de dorso cinza, como presente da natureza, lembra os pescadores do Itapemirim, e a todos nós, de agradecer a São Pedro por enviar as chuvas. Nosso padroeiro transforma o leito seco do Itapemirim em um “rio molhado”. Um rio molhado, encharcado pelas águas da chuva, é a alegria dos nossos dias.



Sergio Damião Santana Moraes

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