Na beira do rio Itapemirim
procuro observar suas margens e o seu leito. Mas, a atenção maior, sempre
retorna para o deslizamento das águas. As águas do nosso rio continuam
dependentes da ajuda de São Pedro. Acho que o nosso santo padroeiro não anda
muito satisfeito com as coisas do Brasil, menos ainda com os residentes em
Brasília. Ainda assim, São Pedro não perde a esperança com os cachoeirenses, e
envia, de tempos em tempos, uma enxurrada, para a alegria dos pescadores do Itapemirim.
Um desses conhecedores do Itapemirim é o torneiro mecânico Dejair Dias Machado.
Quando longe da oficina, e da mecânica pesada, procura o rio em sua parte mais
serelepe. Ele conhece de perto aquilo que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente
sugeriu aos estudantes da cidade. Pediu aos alunos que escolhessem a espécie de
animal silvestre símbolo cachoeirense. Sugeriu: Biguá, Macaco Barbado, Sapo de
Chifre, Coleiro, Lontra, Robalo, Paca, Chauá, Jaguatirica, Tucano de Bico
Preto. Sobre o rio, Dejair me contou: O rio melhorou nos últimos anos, as águas
encontram-se mais limpas, de barco desço até próximo à Usina Paineiras, busco a
proximidade do mar. Fico bem próximo à foz do rio. Porém, entre o rio e o mar,
prefiro o nosso rio. Espontaneamente escolhe a Garça, sem preferência entre a branca
ou cinza, uma ave que faz companhia ao pescador. A Garça aguarda, de longe, pacientemente,
que seja oferecido o peixe; diferente é o Biguá (Mergulhão), aumentou, em
número, com a limpeza do rio, gosta de competir com o pescador na busca do
peixe, busca preferencialmente o “Viola”, um peixe que se assemelha a um pequeno
“Cascudo”; com tristeza lembra-se da diminuição do Lambari (Piaba); gosta mesmo
é do Robalo - um peixe nobre, e ele voltou às nossas águas e bem próximo ao Centro
da cidade. Também se apresentam em nosso rio: Tainha, Traíra, Tilápia e
Grumatan. “Bicho danado” é o Martim-pescador, mantém distância do rio, e das
alturas, com rapidez, mergulha no rio para com o peixe voltar.
O Lambari
(Piaba) dos rios brasileiros, do Itapemirim também, na mesa do pescador, anima
uma conversa e dá asas à imaginação sobre o tamanho do peixe que por pouco não
foi fisgado e outras histórias; o Biguá, a ave aquática “preta” e de dorso cinza,
como presente da natureza, lembra os pescadores do Itapemirim, e a todos nós, de
agradecer a São Pedro por enviar as chuvas. Nosso padroeiro transforma o leito
seco do Itapemirim em um “rio molhado”. Um rio molhado, encharcado pelas águas
da chuva, é a alegria dos nossos dias.
Sergio Damião Santana
Moraes
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