“Governador
Paulo Hartung, olhai por nós.” O sul do Estado capixaba está esquecido.
Portanto, olhai pelos necessitados. Ainda que pecadores. Pedimos socorro. Falo
da saúde dos que aqui vivem. O serviço de média e alta complexidade hospitalar
da nossa região precisa do seu olhar. Encontra-se à beira da falência. O olhar
dos seus auxiliares, e as informações que recebe, é um olhar técnico, de números,
do gestor. Talvez eficientes naquilo que propõem, nem sempre reflete a
realidade do nosso dia a dia. Precisamos de outro olhar: sensível às mazelas em
que vivemos em nossos hospitais. Muito embora, na verdade, necessitemos mesmo é
de um milagre. Mas, com seu olhar modificado, poderá ver em nossos olhos toda
angústia e ansiedade. Nós: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas,
nutricionistas, administrativo. Enfim: os profissionais de saúde do sul
capixaba. E, principalmente, aqueles que mais sofrem pela insegurança na saúde:
os pacientes. A rede hospitalar do sul do Espírito Santo é praticamente
filantrópica. É a que oferece, na urgência e serviços complementares, a
resolutividade esperada, tanto para a criança quanto para o adulto. Aproximamos-nos
aos 100% de atendimento aos SUS (na prática tornam-se hospitais públicos, sem
serem estatais). Em Cachoeiro: 03 grandes hospitais filantrópicos (Santa Casa –
católico; Hospital Evangélico e Hospital Infantil – espírita) e um hospital do
Estado (CAPAAC – psiquiátrico); Santa Casa em Castelo, Guaçuí, Iúna e Casa de
Caridade em Alegre. Na grande Vitória: Santa Casa de Vitória e Hospital
Evangélico de Vila Velha. No norte do Estado: Santa Casa de Colatina. Há mais
de cem anos foi fundada a Santa Casa de Cachoeiro. A população sulina é
solidária e altruística, precisa do seu olhar para manter as portas abertas
dessas Instituições. Sua origem é sulina, queremos acreditar em sua
sensibilidade, temos esperança em dias melhores.
Cachoeiro, com
seus três grandes hospitais filantrópicos – Santa Casa, Evangélico e Infantil,
recebe toda demanda dos municípios vizinhos. A cada dia, nós prestadores de
serviços, percebemos as carências se avolumando e a qualidade do atendimento se
comprometendo. A falta de material é crescente. O esforço físico é imenso, a
angústia também. É algo a olho nu, não precisamos de números ou estatísticas. Bastam
nossos sentidos. Algo vai mal e se assemelha ao que passamos no fim do século
passado. Em 1999, os portões da Santa Casa de Cachoeiro se fecharam. Com os
cortes financeiros que foram feitos pela Secretaria de Saúde do Espírito Santo,
a falta de complementação da tabela do SUS, é impossível um gestor, por melhor
que seja, manter o atendimento no sul do Estado. O medo e a insegurança, na
área de saúde hospitalar, se agigantam. Temos medo de encaminhar nossos
pacientes para a Grande Vitória, o caminho é longo, as curvas são acentuadas,
já o fizemos anteriormente e muitos não retornaram. A BR 101 é uma estrada da morte.
“Governador Paulo Hartung, olhai por nós.” É o que nos resta.
Sergio
Damião Santana Moraes
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