Uma boa notícia para nossa cidade. Uma festa
literária. Durante alguns dias festejaremos o livro, a leitura e a crônica.
Crônica, esse gênero literário tão nosso, por conta do cachoeirense Rubem
Braga. Ele aperfeiçoou e modernizou o texto curto. Ao texto jornalístico acrescentou
um toque de maestria com suas observações no entorno das pessoas. Esquecia, por
instantes, de relatar o fato. Prendia-se aos sentimentos. Rubem, Paulo Mendes
Campos, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego e Fernando Sabino deram um sentido
acadêmico à crônica. A Bienal é uma das boas maneiras das pessoas conhecerem
Rubem e assim conhecerem Cachoeiro. As histórias leves, curtas e rica de coisas
da nossa terra, faz de Rubem um escritor ideal para crianças e adolescentes
iniciarem no mundo da fantasia literária. Além da terra do rei, seremos
conhecidos como a terra do sabiá da crônica, da borboleta, do rio Itapemirim,
dos córregos, das boas coisas da vida... Recentemente conheci a história de fotógrafo
que se encontra frequentemente na ciclovia da lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio
de Janeiro. Inicia a jornada bem cedo, com o nascer do sol. Participa do
Projeto da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, um censo do universo aviário.
Durante alguns dias do ano, ele e outros voluntários, mundo afora, por pelo
menos quinze minutos, contam toda ave que enxergam. Ajudam a determinar rotas
de migração e mapear mudanças climáticas. É verdade que o Rio de Janeiro alegra
a vista do fotógrafo, mas se conhecesse os textos do Rubem, suas lembranças de
infância, de Cachoeiro, descrevendo o rio Itapemirim, seus córregos, descrevendo
de memória as aves que via em nossa cidade e por todo litoral do Espírito Santo,
ele se encantaria com nossa riqueza natural. A Bienal permite isso, falar da
borboleta amarela, das garças, biguás, pardais, quero-quero, bem-te-vi...
Este ano, teremos
bons e ilustres convidados, desde a abertura até o encerramento no domingo.
Espero com ansiedade a presença do angolano José Eduardo Agualusa, ele acredita
na cura pelas palavras. Como médico, apesar de necessitar prescrever medicações
diariamente, também acredito que a poesia possua o poder de curar vários males
que nos afligem. Assim como Agualusa, procuro em dicionários de poesias de A a
Z, palavras que possam atenuar os males do corpo e da alma. Algo lógico, bem mais
racional do que o uso de remédios. Por fim, além de bons escritores, oficinas,
palestrantes ilustres, teremos a posse de novos acadêmicos da Academia Cachoeirense
de Letras (ACL), bem como lançamentos de livros de escritores locais. Acho que
a Bienal encontrou o lugar certo para se instalar, Praça de Fátima, no centro
da cidade, aconchegante e bem junto ao nosso rio, é o melhor que se apresenta
para o momento.
Maio/Junho, 2016.
A poesia como forma de curar males físicos é maravilhoso e vem de encontro ao sentimento de muitos músicos que também acreditam ser a música um antídoto anti depressivo.
ResponderExcluirParabéns aos mestres das letras.
A poesia como forma de curar males físicos é maravilhoso e vem de encontro ao sentimento de muitos músicos que também acreditam ser a música um antídoto anti depressivo.
ResponderExcluirParabéns aos mestres das letras.