O conto difere
da crônica pelo fato de contarmos algo mais minucioso e de uma aparente maior complexidade.
Embora um texto curto, seus personagens e pessoas descritas parecem prolongar-se
dentro da nossa alma - nos mais profundos sentimentos; nos mais longínquos
estertores. No conto seus personagens vivem em nosso passado e se aventuram no futuro,
de maneira que o presente seja modificado. O texto nos modifica, apresenta um
novo mundo, transformam ideias, e alternamos alegrias e tristezas. Em frente a
um conto nunca ficamos indiferentes. É o meu gênero literário preferido. A
crônica permanece fiel aos fatos, preocupa-se com as coisas presentes, apesar
de buscarmos a todo o momento as nossas reminiscências, o presente se mistura às
coisas vividas... A crônica não se preocupa com o futuro. Recusa a ficção. Na
crônica nos expomos e nos apresentamos como realmente somos. Surpreendemos
leitores e aqueles com quem convivemos. A crônica nos desnuda e aparecem coisas
de nós mesmos a todo instante, é um retrato da realidade, mesmo que fantasiada.
Afinal somos atores em nossas próprias vidas.
Na crônica
vivemos em detalhes os meses dos anos. Vamos nos metamorfoseando-se. Alteramos escritos,
pensamentos, ideias... As estações do ano permitem isso. Mesmo quando envolvidos
nos afazeres do dia a dia. Na crônica, sentimos frio e calor; vivemos no sol e
chuva; enxergamos as pequenas diferenças. Em nossa região em breve florescerá o
Flamboyant e a Acácia: um colorido aparecerá. Setembro se aproxima. Estação marcante
em nossas vidas. Aproxima-se o fim do inverno; inicia-se a primavera. Nela, em
Cachoeiro, o dia começa mais cedo, a claridade dos raios solares e o vermelhão
do nascer do dia, ilumina o Itabira e o Frade e a Freira. Bem cedo, mostra com
nitidez as pedras e os morros da nossa cidade. Neste mês de setembro, próximo à
Praça dos Macacos e junto a Avenida Francisco Lacerda de Aguiar, observo a Castanheira.
As suas folhas amarelas, alaranjadas e até vermelhas, esparramam-se pelo chão.
Neste ano, ficarei atento às folhas que preenchem a rua e observarei os troncos
de árvores quase vazia de folhas e frutos. Nos seus troncos lisos e secos verei
as flores lindas que virão. Terei a melhor visão de uma manhã cachoeirense.
Setembro é
diferente. Inicia a primavera, lembra as flores e o amor. Nos leva à pintura de
Botticelli e o Nascimento de Vênus. Lembra a Prevenção do Suicídio (Setembro
Amarelo) e a Doação de Órgãos e Tecidos (Setembro Verde). O suicídio é uma
causa de morte traumática crescente em todo o mundo, no Brasil principalmente.
As causas são variadas: doenças psiquiátricas, alterações comportamentais,
estilo de vida, uso abusivo de álcool e outras drogas. O suicídio tem o
preconceito como um dos maiores obstáculos para diminuirmos sua incidência. Na
Doação de órgãos (rim, coração, córnea...) a vida pode ser estabelecida em
outra pessoa. Com isso, além da beleza dos dias, celebramos a solidariedade e o
altruísmo – doamos o que temos de melhor, nossa espiritualidade. A ação solidária
depende de nós mesmos.
Sergio Damião Santana
Moraes
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