É o nome da grande
árvore que fica na Praça Portinari, também chamada Praça dos Macacos, no Bairro
Gilberto Machado, em Cachoeiro de Itapemirim. Bem... Os macacos se foram,
restou a Samarina e sua sombra gigantesca.
Apesar da ausência dos pequenos saguis. Apesar... A grande árvore nos
comove. Seu nome, Samarina, não parece unanimidade. O nome é uma informação do
Jonas, um dos “guardadores” da grande árvore. Em crônica de anos atrás, relatei
sua história. Ele contou sobre as mudas das árvores. Disse: as mudas foram
trazidas da Austrália por um empresário cachoeirense. Aos cuidados se juntou um
médico. Com isso, a Samarina chegou a maioridade. As mudas foram três:
plantadas na Praça Portinari; no final da Avenida Beira Rio e a terceira não
sabia informar. Falou das intempéries que a Samarina sofreu e viveu, falou da
queda dos seus galhos e da “tipóia” necessária para sustentá-la após uma grande
ventania. Eu gostei do jeito contado pelo Jonas. Bem simples, quase sem
floreio. Quase uma poesia de jardineiro. Sem a preocupação de nomes
científicos, a grande árvore foi romantizada. Foi assim que conheci a nossa
árvore da Praça dos Macacos nos primeiros anos do novo milênio, desde os anos
2000. E, por muitos anos assim permaneceu em minha mente.
Mas, em relato
recente, Higner Mansur falou do médico que cuidou da árvore: Dr. Vicente.
Nomeou cientificamente a nossa grande árvore: Samarina Saman. Descreveu em
detalhes sua geração: plantada em um dia de setembro do ano de 1976. Informou a
fonte de suas células: mudas doadas por Alcebíades Scárdua. Falou do outro
cuidador: Antonio Lino dos Santos. Descreveu ascendência e descendência da
nossa árvore: uma espécie que se chamaria árvore da chuva e originária entre
sul da Bahia e São Paulo. Parece abranger todo o país. Pois, a região amazônica
e o pantanal mato-grossense também reinvidicam sua origem. É... Fiquei
entristecido. Gostava do jeito contado pelo Jonas. Minha decepção é antiga.
Desde o momento que os saguis desapareceram da nossa praça. Algum tempo atrás,
eles voltaram. Foi um período curto. Logo se foram e não mais voltaram. Desde
então me afastei da Samarina. Procurava sua irmã gêmea na Beira-rio, ao lado do
rio Itapemirim. Tudo leva a crer que o fato real seja o contado pelo Higner.
Preferia a versão do Jonas. Ele vive bem próximo à árvore e testemunhou a
presença dos saguis. Samarina lembra o nome de uma linda jovem, ela não parece
chamar chuvas e sim proteger-nos do sol com uma sombra deliciosa. Tempos atrás,
Vitor, meu filho mais novo, ligou e disse: o Calopsida (Azulix) morreu. Foi
durante a noite, como morrem os passarinhos. O Calopsita tem uma afinidade
australiana. Lembrei-me do Jonas e a origem da Samarina. Pensei em sugerir ao
Vitor enterrar o Azulix junto a nossa árvore. Ele preferiu o quintal do avô,
fica próximo ao Convento da Penha.
Neste
setembro, comemorando o início da primavera e o dia da árvore, reuniram-se a
ACL (Academia Cachoeirense de Letras); Secretaria Municipal de Cultura e
moradores para render homenagens ao médico (Dr. Vicente) e aos cuidadores
(Jonas e Alcebíades). Tudo isso em fim de tarde, com os raios de sol refletindo
nos galhos da Samarina. Voltei a me encontrar com a nossa grande árvore.
Sergio Damião Santana
Moraes