É o nome do
meu primeiro neto. Filho do meu filho mais velho: Helomar e da nora: Karina.
Residem em São Paulo. Bernardo é um nome germânico. Na língua germânica
arcaica: Ber (Urso) e Hart (forte) – “forte como um Urso”. Bernardo é a
simbologia da força. A força, beleza e sabedoria são as três colunas que
sustentam o Templo Maçônico. Apesar da força física que designa o nome, foi com
caridade e a bondade que o nome, na idade média, se consolidou. Bernardo, um
abade francês, fundou Ordem Religiosa e Asilos na região dos Alpes Suíços. Pela
sabedoria tornou-se São Bernardo de Claraval e foi nomeado Doutor da Igreja
católica. É o protetor dos Asilos. Às vezes fico em dúvida no valor do nome.
Shakespeare, escritor inglês, escreveu: “A rosa não deixaria de exalar seu
perfume caso a nomeasse por outro nome. Não importa o nome, ela sempre será uma
rosa.” Alguns preferem a alcunha, um apelido, do que o nome do seu registro
civil. Meu filho mais novo, Vitor, após 28 anos de vida, no momento do
casamento civil, descobriu que não se chama Vitor, e sim, Victor. Um erro de
registro no cartório. Corrijo agora, por retificação judicial. Isto é, eu, no
calor da emoção do registro do nome do filho, não prestei a devida atenção
naquilo que assinava. Uma falha que não acontecerá com o Bernardo, os dois
“erres” estarão em seu devido lugar. Como avô estarei devidamente atento.
A gravidez,
uma nova vida, é emocionante e belo. Mais belo: gravidez desejada; mais ainda: gravidez
planejada. Com o planejamento, até nos acasos, encontramos segurança social,
emocional e econômica. Uma família bem estruturada. A base da melhor
instituição de um país. Aquilo que fortalece e organiza um povo. Quando soube
do início da vida do Bernardo, estava com seis semanas de vida intrauterina. O
vídeo no WhatsApp mostrava um ultrassom com as batidas do seu coração em
formação, as batidas se assemelhavam a uma locomotiva. Batia: 140 bpm. Dias
depois, em novo exame, dobrava de tamanho, atingia 02 cm. Faltam 34 semanas
para o seu nascimento. Em ultrassom recente fico com a impressão que as batidas
do seu coração se assemelham ao turbilhão das águas do rio Itapemirim. Acho que
vai ser assim, ao ouvir as batidas do seu coração, ficarei em dúvida: ora
ouvirei uma locomotiva; ora o turbilhão das águas do Itapemirim. Não importa.
Que ele continue em seu ritmo, aumentando de peso e tamanho, até atingir os 50
cm. Atingir a força necessária para
tornar o mundo melhor. Que se torne um bom, e fiel, flamenguista.
Quando recebi
a notícia do início da vida do Bernardo, conversava sobre coisas da literatura.
Sobre escritores da língua portuguesa da atualidade: Agualusa e Mia Couto
(angolano e moçambicano). Logo depois, recebi um trecho de livro do Agualusa. O
personagem, após muitas agruras: “Tem notícias da Ângela? – Vou tendo. Deve
estar neste momento a descer o Amazonas numa daquelas barcaças lentas,
preguiçosa, que à noite se cobrem de redes de dormir. Há muito céu por ali.
Muita luz na água. Espero que se sinta feliz. – E você, é feliz? – Eu estou
finalmente em paz. Não anseio por nada. Acho que a isto se pode chamar
felicidade. Sabe o que dizia Huxley? A felicidade nunca é grandiosa. – O que
vai ser de si? – Não faço ideia. Provavelmente serei avô.” Eu? Serei avô. Estou
em paz. E, feliz.
Sergio Damião Sant’Anna
Moraes
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