Pelas
estradas, observava as cidades. Se no asfalto havia alguma diferença, na ocupação
urbana pouco se diferenciam mineiros e capixabas. Na verdade, um traço bem
brasileiro, a ocupação sem planejamento. São cidades próximas aos rios. Rios de
águas poluídas e pontes sem manutenção. Com a evidência do feio, o ânimo para
guardar o nome do município ultrapassado era pequeno. Porém, uma delas me
chamou a atenção, mesmo esquecendo o nome, Manhuaçu ou Manhumirim, por conta da
forma degradante de sua ocupação, toda a cidade lembrava uma favela.
Mas,
lembrei, ainda que triste, a forma que Cachoeiro foi e continua sendo ocupada.
Morros e ruas, uma dificuldade imensa para a mobilidade humana. Uma agressão
diária ao pouco que nos resta do rio, matas e alguns bons lugares. Constata-se,
diariamente, a ocupação de morros e o entorno do centro da cidade por prédios
comerciais e residenciais. Embora bonitos e modernos, ocupam espaços sem nenhum
controle de impacto em nossas vidas, seja impacto de vizinhança, ambiental ou
de qualquer outro tipo. Chegará o dia que a cidade estará tão degradada que
nada poderemos fazer. No momento, fazer o óbvio é a melhor opção ao absurdo do
comportamento humano.
Percebe-se
o óbvio. O governo e suas políticas econômicas permanecem as mesmas. Repetem-se
ano a ano. Parece não existir o pensar diferente. Permanece a idéia do consumo
para o crescimento econômico. Sem pensar no ser humano. Crescer através do
concreto e com a venda de carros e motos, mesmo que não exista espaço para circularem
em nossas ruas. Mesmo que, com o tempo, falte a ventilação e o ar para
respirarmos. Cachoeiro, dentro de algum tempo, pode ter construção elegantes em
seus morros, porém, pela degradação ambiental e humana, não será diferente da
cidade mineira semelhante a uma grande favela.
Na
volta de Valadares, permaneci algum tempo na parte mineira do Caparaó, pelos
relatos, a infraestrutura parece ser melhor. Bons hotéis e restaurantes. Mas,
eu buscava a beleza do Pico da Bandeira, esta se encontra no lado capixaba. É a
parte mais bonita, apesar da pobreza no investimento local.
Sergio Damião Santana
Moraes