![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBVxsLVlxLezCtgb94qRi8JNucuk0cXjy9ZMdEMX1ycJX6sYA1P1euP_DjaZpKX39EKaXSBgYkuk0MXB22j7KqK40IfFbisAHGV881_4ByriBnRN-Xoed8Xuu2HZQ1l2LM3__v0JlA9FxZ/s1600/morrodepalha.jpg)
Nasci e cresci
próximo ao Morro Alagoano, em Vitória. Bem no seu topo, apresentava-se um campo
de futebol. Atravessava ruas, subia e descia ladeiras. Por vezes seguia pelo
alto de Caratoira. Em outros dias, pela Volta do Rabayoli, até encontrar o campo
e o time de futebol rival. Sempre fui peladeiro. Para as peladas, o morro ao
lado, no colégio dos Padres Ludovico Pavoni, no Santuário de Santo Antônio, era
local mais adequado. O mais desejado. Antes do futebol apreciava a vista da Ilha
das Caieiras e o braço de mar que da forma à Ilha de Vitória. O futebol, a
paixão pelos campos de peladas, nunca abandonei. Mesmo na vida adulta, após a
formatura, em São Paulo, sempre arranjava tempo e lugar para o jogo de futebol.
Em Cachoeiro, mantive o hábito de peladeiro. Desde o início deste século passei
a morar no bairro Gilberto Machado, no comecinho do morro. Outro hábito criei:
o trajeto do hospital até o apartamento. Contornando o campo do Estrela –
Sumaré. Observo sua arquibancada. E de bem alto, do alto do Sumaré, imagino os
meninos do “Seu Zezinho” correndo atrás da pelota. Batata, Zédu, Gedião,
Gastão, Abel, Gatinha, Jair Bala... Todos aqueles que escreveram a história do
seu Zezinho. Direcionavam a bola para o chute certeiro que um dia alegraria o
torcedor estrelense. Do Paulo Globo, ouvi: “Seu Zezinho quando me viu com as
pernas tortas me ofereceu a camisa 7 e me enviou para a ponta direita. Eu
gostava de ser meio campista, a divergência me fez chegar ao Campo do Leopoldina,
apesar do amor pelo Estrela do Norte Futebol Clube. Minha história no
Leopoldina durou pouco, logo ele me chamou e me fez treinar no meio campo. Mas,
no dia do jogo oficial me fez voltar a camisa 7 e ocupar a ponta direita. Era o
jeito de ser do professor Zezinho. Ele bem que tentou, mas Garrincha foi único.”
O trajeto
atual, contornando o campo do Estrela, é mais trabalhoso: rua estreita, carros
e caminhões estacionados em local indevido - pela manhã e durante todo o dia. À
noite, caminhão de lixo dificultando a passagem. Ainda assim é o meu caminho
preferido. Quando contorno o Sumaré, gosto de ver o gramado e arquibancada,
imaginar o craque de futebol que nunca fui; o gol que nunca fiz e as alegrias,
em campo, que nunca proporcionei. Mesmo sem as lembranças de dentro de campo, é
possível se alegrar com as histórias da cidade e do futebol. Com o médico
Gastão Coelho é assim. Do alto do Morro da Palha, bem perto do antigo Campo do
Careca – hoje, Escola Fraternidade e Luz, com Fernando Netto, fala de pessoas e
lugares, alegra o dia do Cachoeirense Ausente – Zédu e do presente – Gedião,
com suas reminiscências. Fala da Rua Ana Machado, da Praça Vermelha, do CDM e
do desfile do Liceu Muniz Freire. Coisas de Cachoeiro, da cidade que esconde
histórias valiosas de pessoas e lugares. Amizades bem mais valorosas que a
prata e ouro de cidades do Brasil afora.
Sergio Damião Santana
Moraes
Se soubesse quantas alegrias deixaria de proporcionar acaso tivesse sucesso no futebol, quantos pacientes se tornariam impacientes sem a sua atenção nos consultórios e hospitais !!!
ResponderExcluirSe soubesse quantas alegrias deixaria de proporcionar acaso tivesse sucesso no futebol, quantos pacientes se tornariam impacientes sem a sua atenção nos consultórios e hospitais !!!
ResponderExcluir