Na
idade média surgiu o amor cortês e a impossibilidade da relação. Duas lendas do
amor impossível se apresentam em Tristão/Isolda e Lancelot/rainha Guinevere.
Antes disso, com o primeiro casal da criação, Adão se declarava para Eva, “Onde
Eva estiver lá é o paraíso”. Bom, se não disse, deveria ter dito. Santo
Agostinho escreveu que a paixão é uma fantasia, uma alucinação, a pessoa amada
é apenas uma desculpa que damos para alcançar a emoção do apaixonar-se. Desidério
Erasmo (Erasmo de Roterdã – 1466/1536) publicou o Elogio à Loucura. Afirmou que
a loucura torna as mulheres amáveis. Para a psicanalista Betty Milan a busca do
ser humano é pela completude. Cita Lacan: O amor é o desejo impossível de ser
um quando há dois. O mito da completude inicia-se na mitologia grega. Éramos um
só. Zeus nos cortou pela metade com receio da nossa força. Desde então a busca
de nos tornarmos um só. Na literatura muito se falou sobre o amor. Livros
clássicos como Madame Bovary (Gustavo Flaubert); Lolita (Vladimir Nabokov); Ana
Karênina (Tostoi), Dom Casmurro (Machado de Assis) e Amor e Erotismo – A Dupla
Chama (Octavio Paz). No budismo zen, existe um enigma: “Se você bate na palma
da mão, qual o som mais forte – o da mão esquerda ou o da mão direita?” No
amor, no contato das mãos, uma emite e a outra facilita a propagação do som. Na
paixão... a harmonia desaparece. A neurociência e a neurobiologia começam a
desvendar as transformações cerebrais que ocorrem em uma pessoa apaixonada. A
química, a coisa de pele, as quais nossos poetas descrevem tão bem, em um
futuro podem ser decifradas e, uma pílula do amor pode matar a beleza da paixão.
A pílula, talvez, possa ajudar nos comportamentos e ciúmes doentios e evitar os
crimes passionais. Eu? Prefiro os sonetos. De Camões, pai dos poetas da língua
portuguesa: “Amor é um fogo que arde sem se ver; / é dor que desatina sem
doer...” Do paulista Vicente de Carvalho: “Não me culpeis a mim de amar-vos
tanto, / mas a vós mesma e à vossa formosura, / pois se vos aborrece, me
tortura / ver-me cativo assim de vosso encanto...”
Sergio Damião Sant´Anna
Moraes
Nenhum comentário:
Postar um comentário