O mês de
março, em todo o mundo, é dedicado às mulheres. Algo justo. Espero que, com o passar
dos anos, desnecessário. A necessidade da efeméride mostra o quanto estamos
longe da igualdade de gêneros – algo natural, como a natureza em nossa volta. Porém,
nós homens, precisamos evoluir e a sociedade se civilizar. Por enquanto, vamos
festejando, ano após ano... Enviando flores, oferecendo abraços,
felicitações... E, na calada da noite, ou em plena luz do dia, sem nenhuma
justificativa, a violência contra a mulher se faz. Uma hipocrisia – homenagem
do vício à virtude, da sociedade. Mas existe luz no fim do túnel. Apesar da
percepção negativa da qualidade de gestão da saúde no Brasil, em pesquisa do
Instituto Datafolha, em fim de 2016, os médicos são apontados como a categoria
que detém o maior índice de credibilidade e confiança no país. Logo depois, bem
junto, os professores. Duas categorias profissionais em que as mulheres se
destacam cada vez mais. Na Unimed Sul Capixaba as mulheres já representam mais
de 30% dos cooperados; já se apresentam em número crescente na Diretoria
Executiva, Conselho Técnico e Conselho Fiscal. Isto é, as mulheres
gradativamente assumem seu papel de destaque na Gestão da Cooperativa Médica.
Algo que faz a diferença no dia a dia cooperativista. Além da perícia, diligência,
prudência e humildade, associa-se a compaixão. O Núcleo Feminino Cooperativista
com médicas cooperadas e esposas de médicos cooperados se faz presente no trabalho
social e assistencial da Cooperativa. Destacando a campanha pela visão das
crianças do ensino fundamental de Cachoeiro de Itapemirim.
É verdade que
o Relatório do BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
nos entristece. O Banco Mundial solicita melhoras nas Leis de proteção à mulher
brasileira contra a violência. Em seus estudos o Banco constata: O Brasil ocupa
a quarta posição em número de casamento infantil no mundo. Na América Latina
somos o primeiro. Isto significa mais de 30% da população feminina, em nosso
país, se casa antes dos 18 anos. Na África e na Ásia elas são forçadas; no
Brasil é uma aparente escolha. Com os dados do BIRD, a colunista do Jornal O
Globo, Ana Paula Lisboa, conclui: “Mulheres que apanham não podem desenvolver
um país; mulheres que precisam sair da escola cedo não podem desenvolver um
país; mulheres que são humilhadas não podem desenvolver um país; mulheres que
engravidam cedo e não tem com quem deixar seus filhos não podem desenvolver um
país; mulheres...”. Qual a diferença das nossas mulheres médicas do sul
capixaba com as mulheres citadas pelo Banco Internacional? Anos escolares: a
educação. As nossas médicas estão livres da violência masculina? Ainda não. Mas
as nossas mulheres estão no caminho. Assumindo, gradativamente, um papel
decisivo em nossa sociedade. Nós homens devemos contribuir. Livrarmos de nossas
vaidades. Assumir a humildade de reconhecermos que uma sociedade justa e igual
só será construída sem as diferenças de gênero. Enquanto isso: penso como
Fernando Pessoa, nosso poeta português: “Tenho uma espécie de dever de sonhar
sempre, pois, não sendo mais nem querendo ser mais que um espectador de mim
mesmo, tenho que ter o melhor espetáculo que posso.”
Sergio Damião Santana
Moraes
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